Mês da mulher: especialista explica benefícios da fisioterapia para pacientes que tratam câncer do colo de útero

Segundo dados do Inca, o surgimento do número de casos novos de câncer do colo do útero esperados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, é de 16.590.
14/03/2021 13:01
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Segundo a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), de 2020, o surgimento do número de casos novos de câncer do colo do útero esperados para o Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, é de 16.590, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, sendo o oitavo tipo de câncer mais comum do sexo feminino. Depois de enfrentar cirurgias, radioterapia e quimioterapia, a qualidade de vida das pacientes que passam por tratamento oncológico sofre diversas alterações, que podem ser tratadas com o profissional fisioterapeuta.

E para tirar todas as dúvidas sobre como a fisioterapia pode beneficiar na recuperação e tratamento das pacientes, a Dra. Thatiana Paiva, especialista e mestre em oncologia da Clínica Oncore, no Orion Business & Health Complex em Goiânia, elucida sobre as principais estratégias e melhorias no tratamento das pacientes.

Nos casos de câncer de cólo de útero, quais as mudanças e consequências causadas pelo tratamento oncológico e cirúrgico?

Thatiana Paiva: Após o tratamento oncológico cirúrgico, pode ocorrer manipulação de estruturas musculares, nervosas, linfáticas e vasculares. O tratamento radioterápico também pode provocar alterações importantes (agudas e tardias), através de alterações vasculares nos tecidos da parede vaginal, provocando secura vaginal, atrofia, inflamação, redução da elasticidade e fibrose.

As pacientes podem evoluir com incontinência urinária, edema e linfedema (de membros inferiores, abdominal e vulvar); presença de fibroses (cirúrgica ou radioinduzida); alterações de sensibilidade, alterações de coordenação muscular; estreitamento do canal vaginal (estenose vaginal); queixas de dor durante a relação sexual (dispareunia) e dor em pontos específicos da região pélvica. Essas alterações podem provocar repercussões físicas e psicológicas com repercussão negativa na saúde sexual das mulheres e seus parceiros.

Qual o papel da fisioterapia nos casos onde há alterações após o tratamento oncológico do câncer de colo de útero?

Thatiana Paiva: O fisioterapeuta busca estratégias para reduzir a dor, otimizar coordenação muscular, tratar os pontos dolorosos, reduzir o edema, fortalecer músculos específicos, estimular parte sensório-motora, melhorar a consciência corporal, atuando de forma preventiva e curativa nessas pacientes.

Uma das principais alterações nas pacientes com diagnóstico de câncer de colo uterino, são decorrentes da radioterapia pélvica (associada ou não à braquiterapia). As pacientes podem evoluir com encurtamento do canal vaginal, denominado estenose vaginal. Após a radioterapia, a vagina pode perder sua elasticidade devido a uma atrofia de mucosa, diminuição da espessura vaginal, ausência de lubrificação, formação de aderências e fibroses na região. Isso impacta muito na qualidade de vida dessas mulheres, principalmente no aspecto da sexualidade, além de interferir na realização de exames periódicos.

Em 2019, a Sociedade Brasileira de Radioterapia elaborou um consenso para prevenção da estenose vaginal, e o fisioterapeuta é um dos profissionais responsáveis pelo tratamento e prevenção desta disfunção. Inicialmente acreditava-se que a prevenção da estenose deveria ser direcionada exclusivamente à mulheres sexualmente ativas, mas todas as mulheres necessitam realizar exame ginecológico para controle frequentemente, mesmo após tratamento oncológico. E se não houver dilatação adequada, o exame pode ser bem desconfortável.

O ideal é que a paciente submetida à radioterapia pélvica procure um profissional especializado o mais precoce possível, antes mesmo da realização da radioterapia. O tratamento iniciado precocemente, no início da radioterapia, pode proporcionar resultados mais eficazes e alívio do sofrimento para essas pacientes. 

O fisioterapeuta utiliza recursos não medicamentosos como: fotobiomodulação, dilatadores vaginais específicos para cada pacientes, lifotaping, biofeedback para treinamento correto da musculatura perineal, recursos para sensibilização, exercícios específicos para cada paciente.

Identificar aspectos específicos da oncologia é de extrema importância em pacientes com diagnóstico de câncer de colo uterino. Alguns recursos não podem ser utilizados em algumas fases do tratamento oncológico. Cada paciente deve ser tratado individualmente. Não deixe de procurr um profissional especializado.

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