Jardins Sustentáveis: Aprenda a preparar a compostagem em leiras com resíduos de jardim. Por Sérgio Foguel

15/10/2017 17:17
noticia Jardins Sustentáveis: Aprenda a preparar a compostagem em leiras com resíduos de jardim. Por Sérgio Foguel
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Por Sérgio Foguel

No artigo passado falamos em compostagem doméstica para quem tem pouco espaço em casa e não dispõem de quintal.

Nesse artigo falaremos para quem mora em casa com quintal e jardim, chácara ou sítio e dispõem de mais espaço, e que necessitem de compostagem para resíduos de jardim como restos de poda de árvores, grama e folhas secas  que são em volume maior e um minhocário não daria conta.

Neste caso você pode optar pela compostagem em leiras, baia ou aterramento, vamos conhecê-las ...

 

LEIRAS:

 

            A leira é um monte em formato piramidal, trapezoidal ou monte que não deve ultrapassar 1,5m de altura. Pode ter até 2m de largura na base e 5m de comprimento, sem no entanto ser muito menor do que isso. É a forma mais simples e barata de se produzir composto de boa qualidade sendo que seu processo de maturação e cura pode durar de três meses a dois anos, dependendo do material, com temperatura equivalente à do meio ambiente.

 

No caso específico das leiras, existem algumas dicas para sua construção:

À medida que se eleva, a leira deve ir diminuindo em sua largura, tomando a forma de uma tenda, em cujas paredes a água da chuva poderá escorrer;

 

Dicas importantes:

 

- Após alguns dias, observar se o núcleo da leira está aquecido, caso contrário ela pode estar muito molhada ou seca, compactada demais ou muito pequena;

 

- Jamais revolva a leira enquanto estiver muito aquecida e ao mesmo tempo exalando cheiro;

PASSOS PARA A PRODUÇÃO DO COMPOSTO EM LEIRAS:

 

1 - Coloque o lixo úmido e o lixo verde em camadas alternadas, pode colocar esterco bovino ou cama aviária (esterco de galinha), dejetos de cães e gatos não são recomendados.

 

2 - Molhe a leira, sempre que necessário, para mantê-la úmida, mas não encharcada.

 

3 - Revire a leira:

de 3 em 3 dias, durante 15 dias;

de 2 em 2 semanas do 16º dia até o 4º mês;

1 vez no 5º e outra no 6º mês.

 

4 - O composto está pronto quando:

- apresentar cor marrom café e cheiro agradável de terra;

- estiver homogêneo e sem distinção de restos;

- não esquentar mais, mesmo se revolver.

 

5 - Passe o composto na peneira e já poderá ser usado nos canteiros e vasos.

 

6 - O resíduo que sobrar na peneira deve ser usado na nova leira, pois ele contém micro-organismos que ajudarão na compostagem da leira.

Podemos ver um exemplo de compostagem por leiras do Projeto de Feiras e Jardins Sustentáveis no Pátio de Compostagem da Lapa no vídeo a seguir.

 

BAIAS

            A composteira em baia é um reservatório que pode ter diferentes formas: confeccionado de tijolo, de madeira, tela de arame, bambu, etc. Este reservatório geralmente é aberto no fundo e pode ser tampado em cima para proteger o composto do excesso de chuva (umidade). As composteiras em baias são utilizadas em caso de pouco espaço disponível ou quando a quantidade de material é insuficiente para a formação de uma leira. As composteiras em baias podem ser de diversos tamanhos e formas, mas o importante é que permitam a circulação de ar e comportem um volume de resíduo não inferior a um metro cúbico.

            Existem algumas experiências realizadas em áreas cimentadas, mas recomenda-se certo cuidado, pois pode haver produção de chorume provocando cheiro ruim e atração de insetos e roedores. Se conseguirmos equilibrar a quantidade de matéria seca com a umidade dos resíduos, evitaremos a produção de chorume.

NOTA

 O chorume, também chamado por líquido percolado ou lixiviado, é o líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos”. Esses processos, somados com a ação da água das chuvas, se encarregam de lixiviar compostos orgânicos presentes nos lixões para o meio ambiente.

Chama-se chorume ao resíduo líquido formado a partir da decomposição de matéria orgânica presente no lixo.” ( Fonte de pesquisa: Wikipédia)

Chorume é o nome dado a substância tóxica resultante da decomposição do lixo, lembrando que na compostagem seja ela feita através de minhocário, leira, baia ou aterramento são selecionados os resíduos orgânicos sem misturar com substâncias tóxicas, isso faz com que o “chorume” produzido pela compostagem gerasse certa discordância com o termo uma vez que o “chorume” do minhocário é usado para adubar as plantas, então se adotou uma outra nomenclatura para esse líquido que é BIOFERTILIZANTE, mas esse caso ainda gera alguma discordância entre alguns, eu particularmente prefiro tratar como BIOFERTILIZANTE!

DIFICULDADES MAIS COMUNS NOS CASOS DE LEIRA E COMPOSTEIRA EM BAIAS:

 

ATERRAMENTO

            O aterramento consiste em abrir um buraco de no máximo 30 cm de profundidade no solo sendo uma prática comum em áreas onde não há recolhimento de lixo. Nesse método, recomenda-se o recobrimento com camadas finas de terra retiradas da própria escavação para evitar a atração de moscas e outros animais. É um processo mais lento do que os anteriores e o material não precisa ser revolvido.

COMO SABER SE A COMPOSTAGEM ESTÁ LEGAL?

TEMPERATURA: O composto deve ter uma temperatura morna, sinal de que as reações químicas estão acontecendo. 

 

        Quando se dedica pouca atenção à saúde da pilha de compostagem, o resultado é a atração de bactérias psicrófilas e possivelmente mesófilas, mas não as termófilas. Como as bactérias psicrófilas se desenvolverão, a temperatura da pilha chegará apenas por volta de 15°C. Esse é um método muito lento de compostagem e demora por volta de 2 anos para se obter o composto maduro. Uma pilha fria não promove a erradicação de patógenos, portanto não a descontamina. O composto deve ter uma temperatura morna, sinal de que as reações químicas estão acontecendo.

 

​- Se estiver muito quente significa que está fermentando demais e os microorganismos podem morrer. Isso é ruim.

 

- Se estiver muito fria não chega a ser um problema. Mas também vai demorar mais para a decomposição total. Provavelmente é falta de resíduos ricos em nitrogênio.

 

TEXTURA: O composto deve ter uma textura mais homogênea possível. Procure triturar um pouco os resíduos antes de jogá-los na composteira.


- Se estiver tudo meio embolorado e pegajoso não é bom. Remexa com mais frequência.
- Se estiver afofado é um bom sinal.

 

Depois de algum tempo, mexer na composteira se torna um hobby difícil de abandonar, pois além de prazeroso é um grande bem para o meio ambiente.

Vamos tentar?

No próximo artigo, fechando o tema falaremos dos MICRORGANISMOS EFICIENTES (EM), como eles podem ajudar a acelerar a compostagem.

Sérgio Foguel 

Ambientalista;

Organizador no Projeto Semear Conhecimentos;

Membro da Rede Ecomairipa de Mairiporã.

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