MEMORIALISTA

Bethos Massucato  |  06/07/2017
noticia MEMORIALISTA
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O QUE É UM MEMORIALISTA.
Entendemos como memorialistas escritores que utilizam diversas ferramentas e fontes em seus textos, às vezes resultando em textos de cunho autobiográfico, nos quais o autor utiliza, a sua experiência de vida e a tradição oral da cidade sobre a qual escreve, para construir a narrativa histórica, sem que para isso se utilizem das normas metodológicas e teóricas da escrita acadêmica sobre história. Muitas vezes esses escritores realizam e realizaram pesquisas de fôlego, debruçando-se durante anos sobre arquivos apesar de quase sempre não divulgarem quais foram os arquivos pesquisados, não utilizarem referências, e, às vezes, na escrita, misturarem o que é de sua autoria com citações de documentos consultados ou de autores lidos.

 Esses escritores partem muitas vezes de textos de historiados, mas seguem caminhos totalmente diferentes dos acadêmicos. Os memorialistas são numerosos e variados escritores que escrevem sobre história, mas cada um o faz da sua maneira, e é essa a primeira característica diferenciadora de um trabalho historiográfico para um memorialístico: as regras teóricas metodológicas, previamente estabelecidas no caso da escrita acadêmica não existem na narrativa produzida por memorialistas.

Esses escritores que, sendo memorialistas, escrevem e escreveram de formas, com suportes e para públicos diferentes, conforme suas temporalidades e avanços da ciência história no Brasil, isso porque quando os observamos detalhadamente em seus contextos, encontramos outras dimensões em seus textos além da falta de parâmetros teóricos metodológicos.

A importância desses memorialistas nessas cidades e de suas produções não pode ser ignorada.

Essas percepções históricas permeiam a administração pública dessas cidades, as práticas pedagógicas locais, o conteúdo histórico regional presente nos livros didáticos e nas relações pessoais. Seus textos são exemplos da relação intrínseca entre teoria e prática presentes na ideia de consciência histórica.

Esses escritores fazem parte de um estilo de narrativa histórica, que também merece ser estudado, para permitir a compreensão do que a população entende por história e sendo assim, os memorialistas são como os historiadores no ato de transformar em texto os anseios da consciência histórica, e apenas se diferenciam a partir dos métodos e teorias utilizadas. Entendemos então, que os memorialistas são fontes preciosas para o historiador porque são sistematizadores de consciências históricas.

Ao mesmo tempo, eles são exemplos dessa teoria, resultados dos processos da consciência histórica, porque de formações distintas se viram na necessidade da pesquisa histórica. Os memorialistas não escrevem sobre história porque simplesmente não desejam competir terreno com os historiadores, como muitos acreditam, mas porque a história é um desejo e uma necessidade de todos. Por tudo isso, se atentar ao estudo dessas produções memorialísticas é fundamental na reflexão sobre as problemáticas mais atuais dessas cidades e sobre os dilemas das fronteiras da ciência história.

 Parabéns ao nosso primeiro memorialista professor Pedro e seus discípulos que permeiam por esse caminho, compiladores de histórias, estórias, causos, e fotografias de um passado nostálgico e distante de nossa terra chamada JUQUERY-MAIRIPORÃ. 

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